A Guerra | EP38 1ª Parte | A proclamação de Massangano
Dondo - O município de Kambambe, província do Kwanza Norte, conta desde sábado com uma organização filantrópica, denominada Associação dos Naturais e Amigos de Massangano "Anamassangano", proclamada com o objectivo de associar-se aos esforços do governo, na promoção e desenvolvimento da comuna de Massangano.
À luz dos seus estatutos, a "Anamassangano" propõe-se, entre outras tarefas, trabalhar para a preservação do acervo cultural de que a comuna dispõe, bem como cooperar com instituições públicas e privadas para a redinamização do sector socioeconómico, com realce para a reabilitação das estradas e o desenvolvimento da agricultura e da pesca.
Durante o acto de proclamação, decorrido na sede comunal e assistido pelo administrador local, Luís Rodrigo João, foram eleitos os órgãos sociais da associação, que tem Lourenço Paulo como presidente da mesa da assembleia-geral, Alexandre Sebastião, presidente de direcção, e João Miguel, presidente do conselho fiscal.
Foram ainda eleitos Ernesto Pereira, para presidente do conselho consultivo, e Joana Domingos, membro do referido órgão.
Para Lourenço Paulo, presidente da direcção, a comuna de Massangano reveste-se de importância ímpar no contexto da história de Angola, quer pela sua extensão territorial e densidade populacional, como pelo seu papel nas lutas de ocupação colonial e de libertação de Angola.
Com vista a transformar o quadro "desolador" que actualmente caracteriza a vila de Massangano, sede comunal, os naturais e amigos trabalharão com outras forças da sociedade para que a localidade ganhe uma nova imagem, visando atrair turistas e pessoas interessadas na descoberta da riqueza histórico-cultural e socioeconómica local.
Lourenço Paulo considerou o sector agro-pecuário um dos que necessita de maior impulso.
A "Anamassangano" terá a sua sede provisória em Luanda, podendo ser transferida para qualquer uma das localidades adstritas à comuna.
Massangano é conhecida por albergar parte do acervo histórico do país, que compreende a antiga Câmara de Angola, o tribunal, casa de reclusão, praça dos escravos levados para as Américas e à Europa, na era colonial, e a fortaleza de defesa dos portugueses contra as forças holandesas, que seguiam para o interior através do rio Kwanza.
Outros marcos históricos locais são a sepultura do capitão português Paulo Dias de Novais (século XVI), bem como o cemitério onde jazem restos mortais de dezanove padres capuchinhos, falecidos por doença, no século XIX.
A sede comunal interliga-se à estrada nacional 230 por uma via secundária de 20 quilómetros. A comuna comporta um território de mil 771 quilómetros quadrados, habitados por 24 mil 750 pessoas, distribuídas por 33 aldeias.
A sua população dedica-se essencialmente à agricultura e à pesca continental, sendo a lagoa do Ngolome, composta por 99 lagos piscatórios, o principal marco da actividade pesqueira, entre as trinta e três lagoas da região.
A região é também atravessada pelos rios Kwanza e Lucala.