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O PORTUGUÊS, MAIS LUTADOR A DEFENDER PORTUGAL

Em Moçambique

Foi para Moçambique em 1952 com 19 anos.

Conseguiu emprego em Nampula, província do Niassa, nos Caminhos de Ferro de Moçambique, com a ajuda do seu irmão Alípio.

O seu trabalho era de recursos humanos. Recrutar trabalhadores para a construção da grande via férrea entre Nampula e Vila Cabral (hoje Lichinga).

(É provável que durante o resto desta história chame Lichinga pelo antigo nome, "Vila Cabral". Hábitos...)

Nesta função deu certamente início à sua aprendizagem sobre o que são as afáveis gentes daquele país.

Aprendeu a falar vários dialectos e os modos de vida dos moçambicanos “do mato”, com quem lidava facilmente, respeitando-os.

Pouco depois foi promovido a um mais alto cargo no departamento de transporte, passando a supervisionar os condutores e mecânicos.

Mas como bom caçador que era logo foi transferido para uma nova função, caçador “oficial” da empresa pública dos Caminhos de Ferro de Moçambique para alimentar os trabalhadores que construíam a linha férrea.

Caçando os grandes antílopes (exclusivamente para alimentação dos empregados da empresa) continuou a sua aprendizagem sobre o “mato” intensificando o seu convívio não só com os seus colaboradores directos na caça mas também com as gentes, seus costumes e dialectos.

Para esta função Francisco Daniel Roxo organizou uma equipa de gente experiente, locais moçambicanos, que o ajudaram a localizar e perseguir com melhor eficiência a caça que necessitava.

Foi assim que construiu as suas imbatíveis capacidades de progressão furtiva no mato, rodeado de uma equipa fiel e leal que o acompanharia quando, mais tarde, lhe pediram que organizasse uma outra equipa. Uma milícia para combater o terrorismo.

Aquela função não fez dele, na altura, um “caçador profissional”, um negociante de carne de caça. Actuava exclusivamente tendo em conta o que lhe era pedido, sendo-lhe fornecidas armas e munições.

Em 1954 abandona os Caminhos de Ferro e fez-se caçador de caça grossa no distrito do Niassa (fronteira com Malawi, Lago Niassa, e Tanzânia) e durante 8 anos, com o dinheiro que fez e mandou aos pais, estes conseguiram comprar uma quinta em Mogadouro.

Esta actividade de caçador permitiu-lhe conhecer ainda mais as leis da natureza e a índole dos que a habitavam. Com todo o rigor.

Aos poucos e poucos criou à sua volta um grupo altamente eficaz em operações no mato.

Um dia numa das suas incursões foi atacado por um leopardo.

Acidentalmente desarmado, enfrentou o terrível felino com as suas próprias mãos.

Mas apesar dos muitos e grandes ferimentos que sofreu, conseguiu eliminar o animal,

tornando-se imediatamente uma lenda viva para todos os moçambicanos.

Em 1962, o novo Governador Civil do Niassa, Major Carlos Augusto da Costa, que tinha sido chefe dos Serviços de Informações Militares de Moçambique, instala-se em Vila Cabral.

Foi sensivelmente por esta altura que o meu Pai foi colocado em Marrupa (240 km a Este de Vila Cabral/Lichinga) dependendo directamente deste Governador civil. O meu Pai foi quem construiu a pista do Aeródromo de Marrupa. Ainda em terra batida.

Na sua função anterior, o Major tinha organizado 3 unidades com 20 a 30 soldados cada, à paisana, com documentos falsos que sob a capa da actividade de caça profissional, forneciam informações preciosas ao Estado português.

Eram civis, caçadores profissionais e estavam distribuídos por todo o Norte de Moçambique.

Era-lhes fornecido todo o equipamento necessário no desempenho das suas furtivas competências, como armas, munições e viaturas de transporte todo-o-terreno, com matrículas também falsas.

Caçavam realmente no mato mas para angariarem dinheiro, não só com a caça mas também com o turismo, para se pagarem a si mesmos um salário.

Chefiava uma dessas unidades de informação Orlando Cristina mais tarde braço direito do Eng Jorge Jardim, pai da Cinha Jardim.

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