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A MORTE DE EDUARDO MONDLANE


A MENTIRA DA VERDADE

Foi o segundo Presidente da Frente de Libertação de Moçambique e o fundador da Nação moçambicana, nasceu em Chilembene, Província de Gaza, a 29 de Setembro de 1933 e faleceu a 19 de Outubro de 1986, vitima de acidente aéreo na sequência do despenhamento do avião que o transportava de regresso a Maputo, vindo da Cidade de Ndoola, Zâmbia, em mais uma missão de Paz.

Samora Machel é filho de um agricultor, Mandande Moisés Machel, da aldeia da Madragoa, actual Chilembene. Samora entrou para a escola primária com 9 anos, quando o governo colonial entregou a educação indígena à igreja católica.

Quando terminou a escola primária com cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiram estudar teologia e Samora decidiu ir tentar a vida em Lourenço Marques. Teve a sorte de encontrar emprego no hospital Miguel Bombard, actual Hospital Central de Maputo e, em 1952 começou o curso de enfermagem, e a sua custa conseguiu financiar os estudos secundários. Em 1956 foi colocado como enfermeiro na ilha de Inhaca.

Neto de um guerreiro de Gungunhane, Samora foi educado como um nacionalista e, como estudante, foi sempre um “rebelde” e tomou conhecimento dos importantes acontecimentos que se davam no mundo: a formação da República Popular da China, com Mão Tse-Tung, em 1949, a independência do Gana em 1957. Mas foi o seu encontro com Eduardo Mondlane de visita a Moçambique, em 1961, que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos, que juntamente com a perseguição política de que estava a ser alvo, levou a decisão de Samora de abandonar o País, em 1963 e juntar-se à FRELIMO, na Tanzânia. Para Samora chegar à Tanzânia, teve a sorte de, no Botswana encontrar Joe Slovo, então Presidente do Partido Comunista Sul Africano com um grupo de membros do ANC, que lhe ofereceram boleia num avião que tinham fretado.

Em 1963 fez parte dos primeiros grupos que foram prestar treinos militares na Argélia. No seu regresso à Tanzânia, ele tornou-se imediatamente num comandante. Em 1965 dirige o desencadeamento da luta armada no sector oriental do Niassa e, em Novembro de 1966, na sequência do assassinato de Filipe Samuel Magaia, então Chefe do Departamento de Segurança e Defesa DSD, Samora foi nomeado Chefe do Departamento de Defesa, enquanto Joaquim Chissano foi nomeado Chefe do Departamento de Segurança.

Em 1967, Samora Machel criou o Destacamento Feminino (DF) para envolver as mulheres moçambicanas na luta de libertação e, em 1969 casou-se oficialmente com Josina Muthemba. Em 1968, foi reaberta a Frente de Tete, que foi a forma como Samora respondeu a dissidências que se verificavam dentro do movimento, reforçando a moral dos guerrilheiros. Em 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane, então Presidente da FRELIMO, foi assassinado com uma encomenda-bomba. Urias Simango, o então Vice-Presidente da Frelimo, assumiu a presidência, mas a III Sessão do Comité Central, reunido em Abril, decidiu rodeá-lo de duas figuras – Samora Machel e Marcelino dos Santos, formando um triunvirato. Simango, em Novembro desse ano, publicou um documento dando apoio aos antigos dissidentes (que não tinham ainda sido afastados do movimento) e acusando Samora e vários outros dirigentes de conspirarem para o matar. Em Maio de 1970, noutra sessão do Comité Central, Simango foi expulso da FRELIMO e Samora Machel foi eleito Presidente, com Marcelino dos Santos como Vice.

Nos anos seguintes, até 1974, Samora transforma a Luta de Libertação em Revolução Democrática e Popular conseguindo organizar a guerrilha de forma, não só a neutralizar a ofensiva militar portuguesa, comandada pelo General Kaulza de Arriaga, um grande estratega militar, a quem foi dado um enorme exército de cerca de 70.000 homens e mais de 15.000 toneladas de bombas, mas também organizar as Zonas Libertadas, que abrangiam 30% do território. Para além disso, Samora dirigiu uma grande ofensiva diplomática, em que granjeou apoios, não só dos tradicionais aliados socialistas, mas também do Papa, que era um tradicional aliado de Portugal.

A seguir ao golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974 “Revolução dos Cravos”, que tinha tido como causa imediata a incapacidade de resolver a questão colonial pela força das armas, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Mário Soares, encabeçou uma delegação a Lusaka, em que propôs à FRELIMO um cessar-fogo e a realização de um referendo para decidir se os moçambicanos queriam ou não a independência. Samora recusou, afirmando que “A paz é inseparável da independência” e expandiu as operações militares, contando com a fraqueza do exército colonial. Em Julho, cercou um destacamento português que se rendeu; este facto, muito propagandeado pela imprensa, levou Lisboa a mudar de atitude e, em 7 de Setembro de 1974, foram assinados os Acordos de Lusaka, que marcaram a etapa decisiva para a proclamação da Independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975.

Na sessão do Comité Central da FRELIMO realizada na praia de Tofo, nos princípios de 1975 e dirigida por Samora Machel, foi aprovada a Constituição da República Popular de Moçambique e decidido que Samora seria o Presidente da República. Proclamada a Independência, Samora sempre assumiu uma política populista, tentando utilizar nos meios urbanos e rurais os métodos usados na guerrilha e nas Zonas Libertadas e angariar o apoio do povo para as tarefas da reconstrução e desenvolvimento do Moçambique independente.

A sua política de desenvolvimento, não só contou com o apoio dos países socialistas como também de capitalistas, o que levou Samora a assinar acordos com o Banco Mundial e FMI em 1985. Samora Machel participou activamente na criação da Linha da Frente e em todas as grandes decisões que fizeram avançar a luta de libertação na África Austral.

O maior desafio que Samora Machel enfrentou durante os anos da sua governação, foi a guerra de desestabilização que era era movida pelos interesses americanos e ocidentais através do regime do Apartheid. Como diplomata, Samora assinou um Acordo de boa vizinhança com o então Primeiro Ministro da África do Sul Pieter Botha, que no entanto ficou apenas no papel.

Samora foi um dirigente querido e admirado por quase todos os estadistas do Mundo. Realizou, ao longo da sua curta, mas extraordinariamente rica historia de estadista e revolucionário consequente, diversas visitas de trabalho e de amizade aos mais variados países dos cinco continentes. Devido as suas qualidades no plano interno e internacional, Samora foi sempre alvo dos seus inimigos, razão pela qual viria a ser assassinado num acidente aéreo a 19 de Outubro de 1986.

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