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OPERAÇÃO MAR VERDE-GUINÉ CONACRY


Operação Mar Verde «OPERAÇÃO DE SUCESSO, NO RESGATE DE MILITARES PORTUGUESES, PRESOS PELO P.A.I.G.C NA GUINÉ CONACRY»

O comandante Guilherme Alpoim Calvão morreu esta terça-feira aos 77 anos, noticiou a SIC Notícias. Estava internado no Hospital de Cascais.

Alpoim Calvão foi o comandante da “operação Mar Verde” na Guiné, em 1970, durante a guerra colonial, e um dos militares com mais condecorações das Forças Armadas, incluindo a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a do Comportamento Exemplar (a última, atribuída em 2010) e duas cruzes de guerra, entre outras.

A “operação Mar Verde” foi uma polémica operação da Guiné Conacri. Teve lugar em novembro de 1971 e destinava-se a resgatar prisioneiros de guerra portugueses, destruir armamento do PAIGC e eliminar o Presidente Sékou Touré. Foram salvos 26 prisioneiros, libertados presos políticos do regime, mas provocou 400 baixas do lado da Guiné. Os militares portugueses não conseguiram destruir todo o armamento, como os aviões MIG nem encontrar Touré.

Em entrevista ao semanário Sol, em 2012, Calvão conta que tinha uma carta de Spínola e autorização de Marcello Caetano para conduzir aquela operação, mas, que depois do “clamor” que provocou nas Nações Unidas, o Presidente do Conselho “não foi capaz de assumir as responsabilidades e reconhecer a operação”.

No dia 24 de abril de 1974, era comandante da Polícia Marítima. Fora avisado seis a sete semanas antes para participar na revolução, segundo relato do próprio, mas não o fez por causa do Ultramar. Depois da revolução, pediu licença ilimitada nas Forças Armadas. Participou nos preparativos da Maioria Silenciosa (28 de setembro), no 11 de março, fugiu a pé para Espanha e fundou o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP).

Do outro lado da barricada, o ex-secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, referia-se a Calvão como “o operacional nº 1 da rede bombista” da contra-revolução.

Natural de Chaves, viveu em Moçambique até aos 16 anos, estudou na Escola Naval e combateu na guerra colonial em África. Em 1963, foi nomeado comandante do 8º destacamento de fuzileiros especiais na Guiné. Depois do 25 de abril, colaborou na contra-revolução, acabou por sair de Lisboa rumo ao Brasil, como tantos outros opositores da revolução. Voltou pela primeira vez a Portugal, em 1978, clandestinamente. Depois, foi administrador da Fábrica de Explosivos da Trafaria. Vivia atualmente entre Cascais e a Guiné, onde tinha uma fábrica de transformação de caju. Fundou na Guiné a Liga de Combatentes das Forças Armadas Especiais Portuguesas na Guiné-Bissau.

“Eles não têm consideração pelos revolucionários que outorgaram a independência e nunca mais lá puseram os pés. (…) Gostam de conhecer o comandante que invadiu a Conacri”, contou ao Sol, sobre o seu relacionamento com a classe política dirigente na Guiné.

Em 2010, recebeu a Medalha de Comportamento Exemplar do comandante do Corpo de Fuzileiros. “Acertámos contas com a justiça”, cuja celeridade “levou 41 anos” a ser feita com a imposição da Medalha de Comportamento Exemplar, declarou na altura o contra-almirante Luís Picciochi, na cerimónia de atribuição da condecoração.

A Marinha emitiu um comunicado, com o título “comandante Alpoim Calvão, fuzileiro sempre”, recordando que foi “o oficial mais condecorado da Marinha, foi dos poucos militares agraciados com a medalha da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com Palma, que é atribuída por feitos em combate”.

“O comandante Alpoim Calvão distinguiu-se na guerra do ultramar, participando em diversas missões operacionais, tais como as Operações Trovão e Tridente, como Comandante do Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 8. Planeou e comandou a Operação Mar Verde que permitiu a libertação de prisioneiros portugueses. Ficou desde sempre ligado à Guiné-Bissau”, lê-se na nota, que acrescenta que o capitão de mar e guerra foi “um brilhante estratega e com elevadas qualidades militares provadas em campanha” e é “uma referência para os fuzileiros, honrando a Marinha e as Forças Armadas Portuguesas”.

O comunicado termina com palavras do escritor Miguel Torga: “Quando chegar a hora decisiva/Procurem-me nas dunas, dividido/Entre o mar e a terra”.

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