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FINAL DO FAMOSO CURSO COMANDOS 127º


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“Deus, Deus, Deus!”

Ele balbuciava estas palavras, atordoado e confuso, prostrado na terra.

“Consegues levantar-te e ir ter com o socorrista?”, pergunta o elemento da equipa de instrução.

“Deus não me permite.”

O instrutor começou a ficar assustado. Já não era a primeira “prova zero” em que participava e tinha visto situações complicadas de militares que se tinham sentido mal. Mas nunca tinha visto homens a delirar.

De seguida, o mesmo instruendo vira-se para um oficial superior e insulta-o: “Vai para o caralho”.

A história é contada por um outro militar instruendo que estava por perto. “Um militar, para insultar um superior desta forma, é porque não pode estar mesmo em si...”

Campo de Tiro de Alcochete. Domingo, 4 de setembro de 2016. Passa já das 15h. Estão mais de 40 graus centígrados. Está em curso o momento mais temido de qualquer curso de comandos: a “semana zero”, ou “prova zero”. Vinte e três militares irão parar à enfermaria de campanha com sintomas de desidratação, insolação, vómitos. Um deles irá morrer nessa mesma noite.

No dia anterior, no Regimento de Comandos da Carregueira, o calor já se fazia sentir por volta da hora de almoço. O país atravessava por esses dias uma onda de calor, com os termómetros bem acima dos 30 graus e, em alguns pontos do território, a bater perto dos 40.

Sessenta e sete militares preparavam-se para dar início ao curso. O Expresso entrevistou 16, que vinha acompanhando há já cinco meses, desde o primeiro dia em que decidiram entrar no Exército.

“Podemos ouvir falar de muitas histórias, mas só saberemos ao certo como é quando passarmos por isso”, garantia um deles, a escassas 12 horas de partirem para a “prova zero”.

Há alguns vídeos, poucos, disponíveis na Internet. Contam-se histórias, umas verdadeiras, outras empoladas. Mas quando o Expresso falou com os instruendos, a poucas horas do momento inaugural de todos os cursos de Comandos, o sentimento geral era de muita ansiedade e receio.

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