RESGATE DE COMANDOS - DOCUMENTÁRIO National Geographic Portugal
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Uma visão inovadora sobre a política americana ou uma sucessão de teorias da conspiração? O Observador pré-publica um capítulo do polémico "A História não contada dos Estados Unidos", de Oliver Stone.
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O título deste artigo é do The New York Times e, na realidade, deve ser lido da seguinte forma: “Oh, não, Oliver Stone reescreve a História — outra vez…”. O livro A História Não Contada dos Estados Unidos, que agora é lançado em Portugal pela editora Vogais, pretende reescrever, reinterpretar e, claro, repreender a política americana dos séculos XX e XXI. E foi recebido com ceticismo por vários historiadores. Acusaram o realizador de cinema de manipular factos, de ignorar fontes e de ter uma atração irresistível por teorias da conspiração.
Nada de novo. Quando lançou o filme “JFK”, Stone assegurou que se tratava de “uma lição de História”. Mais tarde, lembra o The New York Times, quando a credibilidade das suas fontes foi posta em causa, reconheceu: “Cometi alguns erros, mas nada que mude a história essencial.”
Em A História Não Contada dos Estados Unidos (que também teve uma versão como série de televisão), Oliver Stone preveniu-se e juntou-se a um historiador, Peter Kuznick. Mas isso não mudou nada de essencial. Quem odeia Stone critica o facto de esta ser uma história em que os Estados Unidos são tão terríveis que até Estaline aparece como um estadista. Quem o adora, elogia o facto de ele ser um provocador que tenta pôr em causa verdades há muito estabelecidas. Este não é um livro de história, mas é um livro que quer mudar a forma como se olha para a História.
Leia aqui a pré-publicação do capítulo dedicado ao 11 de setembro:
Para a maioria dos norte-americanos, o 11 de setembro foi uma terrível tragédia. Para George Bush e Dick Cheney, foi isso e muito mais – uma hipótese de implementar o programa em que os seus aliados neoconservadores trabalhavam há décadas. O relatório recente do Projeto para o Novo Século Americano afirmara que “o processo de transformação… será longo, a não ser que haja algum acontecimento catastrófico e catalisador – como uma nova Pearl Harbor”. Nas cabeças deles, a Al-Qaeda dera-lhes a nova Pearl Harbor. E, no espaço de minutos após o ataque, a equipa Bush entrou em ação.
Com Bush na Flórida, o vice-presidente Cheney e o seu conselheiro legal, David Addington, assumiram o controlo, argumentando que o presidente, enquanto comandante-chefe, podia agir praticamente sem a interferência de restrições legais.
A 12 de setembro, Bush voltou a Washington e, negligenciando o grupo da Al-Qaeda de Osama bin Laden no Afeganistão, instruiu Richard Clarke, chefe do Contraterrorismo: “veja se Saddam fez isto. Veja se ele está relacionado com isto de qualquer maneira”.
Clarke recorda: “Era tudo Iraque, Saddam, descubra, venha ter comigo”. Um entrevistador perguntou: “e a reação que teve nesse dia do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ou do seu assistente, Paul Wolfowitz?”.
Clarke replicou: "Bem, quando falámos acerca de bombardear as infraestruturas da Al-Qaeda no Afeganistão, Donald Rumsfeld disse que não havia alvos bons no Afeganistão. Vamos bombardear o Iraque. E nós dissemos: mas o Iraque não teve nada a ver com isto. Mas isso não pareceu fazer muita diferença".
A 11 de setembro, Donald Rumsfeld tinha já dado ordens para atacar o Iraque: “entrem em força”, disse, “arrasem tudo. Coisas relacionadas com isto e outras”. No espaço de dias, Bush anunciou perante uma sessão conjunta do Congresso que os Estados Unidos iriam embarcar numa guerra global: “a partir deste dia, qualquer nação que continue a dar abrigo ou a apoiar o terrorismo será considerado pelos Estados Unidos um regime hostil”.
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