Canquelifá, a última operação dos Comandos História e da herança da Nação
História e da herança da Nação A 1ª República havia sido defensora da política
colonial, bem como grande parte dos opositores do “Estado Novo” (sublinhados
nossos).
Esta dedução (aliás correcta) não foi contestada por ninguém até hoje e constitui
um bom ponto de partida para a discussão. Donde é lícito colocar uma outra questão
e que é esta: “os territórios ultramarinos eram nossos (eram Portugal), ou não? A
resposta para mim é óbvia, mas sê-lo-á para MG e AA e para os eventuais leitores?
B. Vejamos a questão do “revisionismo histórico” que os autores apelidaram de
“persistente” e “ideológico” e dão como tendo tido início com a publicação do livro
“África, Vitória Traída”, escrito por quatro generais, em 1977, que tiveram altas
funções de comando em África. Naturalmente que este seminário é tido como a
última expressão deste revisionismo (será que o NICCM também é conivente?), não
sendo dado mais nenhum exemplo ocorrido pelo meio.
Convém referir os nomes dos quatro generais pois não são “uns quaisquer”: os
Generais Bettencourt Rodrigues, Silvino Silvério Marques, Kaúlza de Arriaga e Luz
Cunha. Não consta que, sobre eles, exista a mais leve sombra que possa manchar a
sua competência, a sua integridade, o seu carácter ou o seu patriotismo.
Não deixa de ser curioso como é feita a alusão, eivada de menosprezo por quatro
oficiais com brilhantes folhas de serviço e provas dadas no comando de tropas e, até
em altas funções político-militares. Será que podem ser considerados menos
avisados ou conhecedores do que a generalidade dos capitães que conspiraram para
o 25 de Abril (onde se incluem MG e AA), da realidade dos teatros de operações, que
estes últimos pela sua juventude e experiência, apenas podia ser parcelar ou de
“ouvir dizer”? Ou será que assumem hoje, passados 40 anos, que sabiam tanto na
altura como sabem hoje?
Lembra-se, ainda, que as decisões dos protagonistas devem ser avaliadas com o
conhecimento que têm na altura e não por outras circunstâncias.
A acusação de que o “revisionismo histórico” é “ideológico” não deixa de ser
caricato. Então as forças políticas que tomaram conta da rua (e do Poder) durante o
PREC - onde os ditos cujos autores “militaram” - é que impuseram uma verdadeira
ditadura ideológica relativamente ao que se teria passado no Ultramar (e não só);
fizeram uma autêntica lavagem ao cérebro da população e dos ex-combatentes;
prolongaram essas mentiras e estribilhos no discurso oficial, na maioria dos “media”
e nos livros da escola – o que ocorreu por manifesta cobardia moral da maioria da
população dos quadros e chefias das FAs, para já não falar do “politicamente
correcto” da partidocracia existente - e agora vêm apelidar de ideológica qualquer
outra análise que contrarie as suas, quando se quer recuperar algum equilíbrio nas
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interpretações dos factos históricos e nas intenções (por vezes mais importantes do
que aqueles) dos principais actores?
Começaram por relegar um milhão de combatentes para a prateleira da
ignomínia e do esquecimento; diabolizaram a História dos seus antepassados,
sobretudo a mais recente; afirmaram-se as maiores barbaridades - tudo sem direito
ao contraditório - e agora (há meia dúzia de anos) que começaram a perder o
monopólio dos microfones e o palco das entrevistas e do mercado editorial, vêm
lançar mão desse labéu? Tenham vergonha!