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COMANDOS -MAJOR-GENERAL JAIME NEVES; A TÍTULO PÓSTUMO. MAMA SUMAÉ


ANTECEDENTES E CONSIDERANDOS

DE NÓQUI A ZEMBA — A GÉNESE

Nos finais da década de 50 e na sequência do processo de Independência em curso em quase

todas as colónias europeias em África, também em Portugal surgiu entre os responsáveis pelas

F.A. a ideia de preparar tropas, dotadas de treino e de conhecimentos capazes de fazer frente

a um eventual surto de subversão que pudesse vir a acontecer nos nossos territórios

ultramarinos.

De entre algumas iniciativas conhecidas, há a registar o envio à Argélia de um grupo de

Oficiais, a fim de tomarem contacto directo com as tropas especiais Francesas ali estacionadas

e ainda um ciclo de palestras sobre a guerra subversiva e contra subversão conduzidas por

alguns Oficiais Franceses, que para o efeito se deslocaram a Portugal.

Como resultante directa destas iniciativas e do espírito subjacente a que elas conduziram, está

a criação do C.I.O.E. (Centro de Instrução de Operações Especiais) em Lamego, responsável

pela formação de Companhias de Caçadores Especiais, com uma missão fundamentalmente

virada para uma acção dissuasória e psicológica junto das populações, algumas das quais já

se encontravam em Angola quando do eclodir do movimento de guerrilha em 04 de Fevereiro

de 1961.

Embora se tivesse procedido a uma remodelação dos métodos de instrução das nossas tropas,

cedo se tornou evidente a insuficiência dessa preparação pois que as características do

terreno, do clima e da própria guerra subversiva exigiam dos nossos militares uma actuação

completamente diferente, para a qual não estavam minimamente preparados e que. só

baseada numa bem estruturada preparação moral e técnica, aliada a uma grande mobilidade,

poderia surtir efeitos.

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Todos estes atributos eram consentâneos com a ideia da formação de grupos Especiais já

então latente, e que se veio a concretizar com uma primeira experiência feita na Região Militar

de Angola — em Nóqui. Assim, e graças ao grande interesse depositado pelo então

Comandante do Batalhão de Caçadores nº280, Tenente-Coronel Almeida Nave, e ainda aos

conhecimentos transmitidos por um jornalista italo-fracês — Cesare Dante Vachi —

conhecedor das guerras da Indochina e Argélia, foram dois grupos do Batalhão 280 treinados

em moldes completamente diferentes e inovadores, cujos excelentes resultados por certo

contribuíram e pesaram na decisão do General Venâncio Deslandes para a criação do Centro

de Instrução nº21, destinado à preparação de grupos especiais, especialmente vocacionados

para a luta antiguerrilha.

O C.l.21 ficou instalado em Zemba, Sector F da Zona de Intervenção Norte, tendo sido

nomeado seu Comandante o então Capitão de Infantaria Jasmins de Freitas, coadjuvado por

Cesare Dante Vachi. A equipa de instrução era constituída pêlos então Capitães Ramalho e

Marquilhas, Tenente Caçorino Dias, os Alferes Vasco Ramires, Raúl Folques, César

Rodrigues, Vieira Pereira e os Alferes médicos Resina Rodrigues e Freire Águalusa.

Depois de uma dura instrução, caracterizada pela utilização permanente de meios reais, do

contacto directo e constante com o meio natural e o próprio IN, terminaram o curso em 30 de

Novembro de 1962, os seis primeiros Grupos de Comandos oriundos dos Batalhões e três

Grupos da Companhia de Caçadores Especiais nº.365, regressaram então às suas Unidades

de origem, e em cuja área de actuação tomaram parte em diversas operações, quer

independentemente, quer neles integrados.

Estes grupos adoptaram designações próprias e, organicamente eram constituídos por 25

homens e divididos em 5 equipas.

Designação

Origem

Comandante de Grupo

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Os Fantasmas

Bat. Caç. 317

Alf. Mil. Abreu Cardoso

Vampiros

Bat. Caç. 185

Alf. Mil. José M. Lousada

Aço

Bat. Caç. 186

2º Sarg. Inácio Maria

Pedra

Bat. Caç. 261

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Alf. César Rodrigues

Nóqui A

Bat. Caç. 280

Alf. Mil. Vieira Pereira

Falcões

Bat. Caç. 325

Alf. Mil. Agostinho Gonçalves

Corsários A

CCAÇ. ESP. 365

Alf. Mil. Rodrigues dos Santos

Corsários B

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CCAÇ. ESP. 365

Alf. Mil. Vaz Pardal

De referir alguns aspectos fundamentais que passaram a constituir a metodologia posta na

preparação dos Comandos, como sejam, o uso permanente de meios reais, a preparação

psicológica do combatente com o recurso a mensagens e gravações em fita magnética («Voz

do Comando»), e ainda o contacto directo com o inimigo como parte integrante da instrução,

pois que só durante o curso ministrado no C.l.21 foram realizadas cerca de 10 operações.

A mobilidade, a rapidez e a entrada em acção imediata sobre o objectivo foram também aqui

ensaiados quando pela primeira vez se procedeu a operações heli-transportadas.

Todo o pessoal que frequentou o Curso com aproveitamento recebeu o emblema COMANDO

em pano bordado, com a divisa "AUDACES FORTUNA JUVAT" e o cartão COMANDO, emitido

pelo Quartel General da Região Militar de Angola.

C.l. 16

A experiência e os resultados obtidos a partir do C.l.21 tornaram o processo de formação de

Comandos num factor irreversível. Assim, em 09 de Junho de 1963 e por despacho de 15 de

Maio do mesmo ano, é inaugurado o Centro de Instrução nº16 ocupando as instalações do

Quartel de Quibala na Fazenda Senhora da Hora, em Quibala Norte, onde pela primeira vez a

designação «COMANDOS» assume carácter oficial sendo o curso aqui ministrado,

reconhecido como o primeiro Curso de Comandos.

Sobre a formação do C.l.16 aqui se transcreve parte do conteúdo da nota 169/3 de 06 de Maio

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de 1963 da 3.3 REP/EME, que diz o seguinte:

· É reorganizado o Centro de Instrução nº21, com a finalidade de ministrar instrução

intensiva de contra guerrilha a grupos de combate dos Batalhões. Pretende-se que cada

Batalhão disponha, assim, de um núcleo devidamente especializado, aguerrido e moralizado

que, simultaneamente seja um elemento de valor táctico elevado para ser empregue em

missões de combate difíceis, perigosas ou de grande interesse operacional, constitua um

estímulo pelo seu exemplo e, pela difusão dos conhecimentos adquiridos, contribua para uma

melhoria do nível de instrução e da eficiência operacional da própria Unidade.

O C.l.16 era comandado pelo Major de Infantaria Antunes de Sá, tendo como 2ºComandante o

Capitão de ArtªSantos e Castro, e tinha como instrutores o Capitão de Artª Ribeiro de Oliveira,

o Tenente Mil. Alves Cardoso, o Tenentes Mil. Cmd. Vieira Pereira e Abreu Cardoso, o Tenente

Mil. Médico Cmd. Resina Rodrigues, o Alferes Mil. Cav. Gomes de Freitas e o Alferes QSGE

João Silva, que era também o único encarregado pêlos serviços administrativos.

Em 10 de Outubro de 1963 foi dada por concluída a instrução, tendo-se constituídos os seis

grupos a seguir enunciados e que posteriormente regressaram às suas Unidades de origem:

Designação

Origem

Comandante de Grupo

Os Sem Pavor

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Bat. Caç. 379

Alf. Mil. Eduardo R. Silva

Os Destemidos

Bat. Caç. 380

Alf. Mil. Martiniano Quesada

Os Apaches

Bat. Caç. 442

Alf. Mil. José Z. G. Robalo

Os Gatos

Bat. Art. 400

Alf. Mil. Horácio M. Valente

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Os Tigres

Bat. Cav. 339

Alf. Mil. Júlio Damas Paiva

Os Escorpiões

Bat. Cav. 437

Alf. Mil. Manuel L. Bogalho

Além do pessoal que constituía os grupos atrás referidos, frequentaram também o C.l.16 um

grupo de militares vindo da Região Militar de Moçambique, que tendo terminado a instrução

com aproveitamento para lá regressaram a fim de dar início à formação de novos Comandos

nessa Região Militar.

O C.l.16 foi oficialmente desactivado a 04 de Dezembro de 1963, sucedendo-lhe o Centro de

Instrução nº25.

De entre as acções de carácter iminentemente operacional levadas a cabo pelo C.l.16, de

salientar a actuação na operação «Pérola Verde». O espírito que desde o início sempre

presidiu à formação das tropas «COMANDO», é bem patente na passagem que a seguir se

transcreve da supra citada nota nº169/3 da 3.3 REP/EME:

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· «O pessoal não usufruirá de quaisquer regalias ou gratificação especial. Será

submetido a uma vida dura e disciplina rígida e o que terminar a instrução com aproveitamento

terá direito à designação «COMANDOS» e ao uso de um distintivo próprio».

C.l. 25

Pela circular nº4705, processo 347.7 de 03 de Dezembro de 1963, foi feito convite aos Oficiais.

Sargentos e Praças que desejassem frequentar o novo Curso de Comandos a realizar no

Centro de Instrução n.º 25 localizado, tal como o C.l.16 na Quibala Norte.

Seguindo-se ainda os mesmos processos do anterior curso, pretendia-se recrutar pessoal

voluntário e já com uma relativa experiência de combate, de forma a que se formassem novos

Grupos de Comandos, e que tal como os anteriores iriam actuar na zona de acção dos seus

Batalhões de origem.

Pela primeira vez se tornou possível proceder a uma prévia selecção de pessoal candidato à

frequência do curso, tendo para o efeito, este mesmo pessoal sido apresentado no Regimento

de Infantaria nº20 onde de 15 a 19 de Janeiro de 1964, foi submetido a provas de selecção que

incluíam exames clínicos e provas físicas. Os candidatos que conseguiram ultrapassar esta

primeira barreira das selecções, seguiram para Quibala Norte, onde a 03 de Fevereiro de 1964

se deu início ao novo Curso de Comandos.

O C.I.25, comandado pelo Capitão de Artilharia «COMANDO» Gilberto Santos e Castro, teve

como instrutores os seguintes Oficiais:

· Capitão «CMD» Ribeiro de Oliveira

· Capitão «CMD» Leal de Almeida

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