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·INHAMINGA A MENTIRA DOS MISSIONÁRIOS NÃO PORTUGUESES


RECENTES MASSACRES EM MOÇAMBIQUE

ABRIL .DE 1974/

RELATORIO

DOS

MISSIONARIOS

DE

·INHAMINGA

EDIC,AO DO MOVIMENTO JUSTICA, E PAZ

.3;ts. 'iSf. \b "'~\\.l., R(L ,

• Na mesma altura em que o povo de Portugal saiu para as ruas vitoriando a sua libertação pela queda do fascismo,

chega a Lisboa o notícia dos massacres de Inhamtnga em Moçambique, ocorr.idos dias antes, e que tudo leva a cr.r

. .

não terem sido interrompidos. São conhecidos os relatos de Wyriamu, Mocumburo, entre outros, mas quantos não terão

ficado no silêncio? ..

e Porque é impor tonta não nos fixarmos numa rejeição cega e indiscriminada da violência, acrescentaremos ao relato

dos massacres de Inhaminga, extractos de um artigo publicado no «Diário de Lisboa» de 12·5·1974. Este artigo foi

elaborado a partir de declarações do superior do Missão de Inhamingo, Padre José Martens; holandês, que aí esteve

durante 12 anos e regressou de Moçambique em 26 de Abril.

• As declarações deste missionário confirmam bem a firmeza da luta qeu o povo de Moçambique vem desenvolvendo há

longos anos. Torno-se n.í ido como a FRELlMO é a· organização do povo que luta contra a opressão, ela é ó próprio

povo em luta.

e Por isso 0$ colonialistas, que vivem do trabalho e do lofrimento do povo, se vêm obrigados a recorrer aos crimes que

aqui são relatados. Não podemos aceitar que o exército português, que cqor o se opresenta como libertador do povo

de Portugal, continue em Africa como tropa de ocupaçõo e opressão,

.e Como também não podem, 05 que querem ser solidários com o povo de Moçambique que luta contra a opressão,

acreditar nos «lobos com pele de cordeiro» que agora falam no «unidade de todos os moçornbiconos » numa «solução

livremente plebiscitada», etc.

A estes, os Movimentos de Libertação (FRELIMO, MPLA, PAIGC), que são a voz de um povo em luta, respondem:

não aceitamos qualquer negociação, sem que os portuqueses, previamente, reconheçam ~ nosso direito ã independência;

não estamos a lutar contra os brancos mas sim contra 05 que exploram o nosso povo e com esses não há

unidade possível; não aceitamos o exército português como «árbitro» do nosso futuro; continuaremos a nOlsa luta até

ã vitória finat

• . Ler este texto e divu Igá-Io, não basta!

Temos de apoiar, por todos os meios ao nosso alcance, as exigências dos Movimentos de Libertação, porque elas

são justas. Enquanto a guerra não acabar os massacres vão continuar e cada vez hão-de morrer mais soldados,

t preciso denunciar os que, com desprezo pela vida dos Africanos e dos soldados portugueses, mantêm uma guerra

de opressão.

EU VI INHAMINGA

Há centenas de Wiriamus em Moçambique e desde Janeiro a ,Março foram massacradas umas quinhentQ$ pessoas

em Inhaminga. Isto afirmou-nos o padre holandês José Marfens, superior da. missão de I.nhaminga, que se viu obrigado

a abandonar a Africa para testemun,har o que viu e ouviu.

«Quinhentos é o meu c61culo - precisou - mas os negros fa,la·m de milhares». Saído de M09Qmbique em 26 de

Abril, a sua voz ain.da vem marcada pelos gritos dos fortura.dos, pelo medo de 35 mil pessoas fllgidas poro o mato.

OS F'RINCIPAIS CULPADOS

Culpados? Pois há culpados, aqueles que são responsáveis pelas círcunstãncías cm que o povo e os soldados

se encontram. «OS soldados são os nossos soldados, - diz-nos o padre Martens - rapazes normais com família que

amam, noivas para casar, juventude para viver. Todos nós temos culpa daquilo, como povo inteiro que não evitou

a guerra. O que é triste é que apenas meia d˙zia de cristãos e marxistas tenham conseguido ver isto a tempo.

Os verdadeiros culpados dos massacres são os exploradores do trabalho africano, os maníacos das glórias pátrias,

os bispos· que sabiam e não quiseram falar, os brancos que não querem perder privilégios e também aqueles

comandantes militares e chefes de posto que, mal chegados a África, se julgam deusinhoe com direito de vida e

de morte sobre os negros. Os principais culpados não são os soldadinhos que executam ordens ou actuam debaixo

do medo e do terror, são os pules e todos aqueles que actuam a frio.»

ACÇÃO PSICOLóGICA DA FRELIMO

Os primeiros ataques em força da Frelimo ao quartel de Inhaminga deram-se em 23· de Janeiro, mas já nesse

mês vários comboios da Trans Zambezian Rallways (TZR) tinham sido atingidos e, desde fins de Julho, diversas

acções armadas haviam sido conduzidas pelos guerrilheiros contra objectivos estratégicos. As prisões e toro

turas foram a resposta sobre a população. Mas a Frelimo já estava na zona desde os fins de 1970, num persistente

trabalho de mentalização. Pelo menos desde que, nesta data, o governo fez conhecer o projecto de alargamento do

Parque da Gorongosa, o que ímplícaría o desalojamento compulsivo de muitas aldeias de africanos. Militantes da

Frelimo, alguns deles oriundos desta região, infiltraram-se entre os descontentes explorando a sua revolta. E assim

a revolta alastrou do Parque da Gorongosa para o Norte, até à linha férrea internacional da Trans-Zambezian-Railways,

onde se situa o centro ferroviário de Inhamínga, vila com uma população de oito mil africanos e 1100 europeus,

num concelho com cerca de 45 mil habitantes.

O missionário descreve-nos os métodos psicológicos da Frelimo para cativar o povo, de resto facilitados, por.

que - diz-nos - A Frelimo é do povo, é o próprio povo. Há episódios desta táctica psicológica realmente interessantes.

Outro missionário contou-nos alguns.

Um dia entraram dois moços na loja duma aldeia do mato e, enquanto o empregado negro lhes servia duas

cervejas, travou-se este simples diálogo:

- Olá sabes o que é a Frelimo?

- Já ouvi mais ou menos, mas não sei bem. - respondeu o moço.

- Olha, a Frelimo somos nós! E agora vai dizer ao teu patrão que a Frelimo passou aqui!

Dito ísto, swniram-se no mato, mas na mesma tarde já toda a gente sabia que a Frelimo estava na aldeia.

Ao fim de três anos de mentalização política e reivindicativa, toda a zona de Inhamínga está completamente

infiltrada pela Frelimo, a qual se apresenta ao povo como um movimento de libertação.

CONDIÇOES DE EXPLORAÇAO

As condições de exploração dos africanos eram terreno fácil para os militantes da Frel1mo e, por isso, o

sucesso do movimento estava há muito assegurado.

Os 400 quilómetros de linha férrea da TZR foram construidos com sangue negro, há Cinquenta anos. Os salários

dos trabalhadores das serrações e da TZR não passavam de 180$00 por mês, antes da eclosão da guerra. Nas

serrações de Cheringoma, uma das zonas mais ricas de toda a Africa em madeiras preciosas, os negros trabalhavam,

vestidos com um saco enfiado, e partiam das aldeias às 4 horas da manhã em camiões apinhados. O imposto

de palhota era de 290$00 por ano, sob pena de trabalho forçado para os que se desleixassem no pagamento. Embora

suspenso o trabalho forçado em 1961, a verdade é que os administradores continuam a usar de todas as arbitrariedades

para arregimentarem trabalhadores, à custa de uma comissão paga pelos fazendeiros e donos das serrações.

O missionário contou-nos, a este respeito, uma história recente:

Há duas semanas, apresentaram-se à porta do posto dois moços africanos pedindo certidão de nascimento

para tirarem o bilhete de identidade. Mas, como não tinham em dia o pagamento do imposto de domicilio (cerca

de 300$00), o chefe de posto mandou-os trabalhar para a serração. Com todo o requinte acrescentou. «Já agora,

primeiro que tudo, vocês vão ali encher-me o tanque de ãgual» E os rapazes não tiveram outro remédio, mas pode-

se imaginar a revolta que sentiram!

Não longe de Inhaminga, a Sena Sugar arregimen tau 30 mil negros para trabalharem nas plantações do

aç˙car, em circunstâncias tais que, durante o ano de 1973 e apesar da repressão, os trabalhadores desencadearam

quatro greves importantes. Os de Inhaminga não foram arregimentados desta feita, mas estavam sujeitos ao mesmo.

Os negros nunca esquecerão terem sido espoliados das terras que os missionários ensinaram a cultivar (a

partir de 1957). Depois das terras preparadas, os brancos iam à administração e conseguiam facilmente dois ou

três mil hectares, abrangendo terras já arroteadas pelos negros. (Grande parte destes negros eram empregados

da TZR que tinham fora da vila as suas pequenas plantações),

A FRELIMO E OS BRANCOS

Nestas circunstâncias, foi fácil à Frelimo apresentar-se como libertadora da opressão. Todo o trabalho politico

'precede a acção armada, e esta só se revela quando a população se mentalizou. Os próprios negros dizem

que a Frelimo ainda não fez ir pelos ares os cabos eléctricos e as condutas de água da cidade da Beira porque

não tem pressa nem preparou ainda a população negra.

De resto - insistem os homens da FreUmo - há em Moçambique muitos brancos que não terão de sair, por.

que não são CUlpados dos crimes contra os negros. Mas os pides, os patrões das serrações, os bispos comprometi.

dos, os fazendeiros exploradores e toda a gente que roubou não tem outra coisa a fazer senão partir. Os militantes

da FreUmo dizem assim ao povo: «Moçambique é grande e tem riqueza para todos, os brancos não precisam

de sair, m~as nós faremos a escolha».

A escolha já começou: salvo alguns enganos (como a morte daquele maquinista do comboio da Beira, cuja

morte consternou os negros de Inhaminga) os atentados dos guerrilheiros atingiram apenas os brancos exploradores,

os denunciantes, os que têm amantes negras e mesmo alguns régulos que, depois de avisados, persistem em

colaborar com as tropas POrtUguesllS_

,

RELATORIO DE INHAMINGA

Publicamos em seguida as partes mais importantes de um extenso relatório elaborado pela equipa missio.

nária de Inhaminga. Esta equipa era constituída pelos padres José Martens (superior da missão, 12 anos de actividade

na zona), António Verdaasdonk, João Mateus Van Rijen e pelos irmãos André Van Kampen e João Tiel.

emans, todos holandeses, da Congregação dos Sagrados Corações (Picpus ).

Inhaminga fica a cerca de 200km da Beira e é um centro ferroviário. Na zona vivem cerca de 45000 habitant~

s, sendo' os europeus pouco mais de 1 milhar. 35 000 destas pessoas vivem hoje refugiadas no mato ...

RELATÓRIO DE INHAMINGA (MEMORANDO DE 4 DE MAIO DE 1974)

I - Observações preliminares

1. Os abaixo assinados deste Memorando declaram que os seguintes acontecimentos estão anotados conforme a

verdade.

2. A fim de não pôr em risco a vida dos Africanos citados neste Memorando, os seus nomes foram substituídos

por outros; estes nomes estão sublinhados neste Memorando. Os nomes autênticos estão escritos e conservados

em arquivo confidencial da Congregação dos Sagrados Corações em Bavel (Holanda).

3. O seguinte Memorando é extraído de um diário acerca dos princípaís acontecimentos que tiveram lugar no período

Asosto de 1973· Março de 1974 em e em redor de Inhamínga, diário no qual tinha sido anotado tudo ii.

medida que os acontecimentos se desenrolavam.

4. Este Memorando descreve os acontecimentos reswnidamente e tem em atenção principalmente as prisões, as

torturas e os massacres.

5. Podemos determinar com bastante exactidão o lugar perto de Inhaminga onde se encontram as valas comuns

em que foram enterrados os mortos em massa.

6. Declaramos expressamente que existe o lugar de Inharnínga. Isto para o caso de, depois de publicados os massacres,

o nome de Inhaminga - como o de Wiriyamu em 1973- vir a ser negado.

7. Estamos dispostos a testemunhar diante de todos e de cada um em particular, porque deste modo somos

ainda capazes de servir o nosso povo como missionários; pela limitação drástica da liberdade de movimentos,

o nosso trabalho em Inhaminga tornou-se inteiramente impossível.

8, Nós, missionários, esperamos que estes acontecimentos, descritos e anotados segundo a verdade, sejam publicados

com a maior amplitude possível para que, pela sua publicação e pelos protestos que suscitem, possam evitar-se

futuros massacres e práticas deswnanas em Moçambique.

9. Não sentimos necessidade de provocar sensação, Simplesmente achamo-nos na obrigação de consciência de

falar, tanto mais que é claro terem as autoridades eclesiásticas de Moçambique omitido até hoje a den˙ncia

p˙blica destas e doutras injustiças para com o povo africano.

canos.

10.Finalmente esperamos que, por falarmos, isso não acarrete, em maior n˙mero, perseguições e mortes a Afri.

II- Acontecimentos e declarações

Fim de Julho de 1973: recebemos a primeira noticia dum ataque da FRELIMO ao exército português a uma

distAncia de 45 km de Inhaminga, junto do cruzamento Mazamba-Goronga e dum desvio para uma escola do mato

em Nha.nsol, em que houve dois feridos entre os do exército português.

O exército começa a fazer pressão sobre a população. Há rusgas nas casas, interrogatórios; o chefe da

povoação é mal tratado, suspenso pelos pés de uma á.Tvore durante o interrogatório; em seguida é transportado

pela DGS para a Beira; a fuga dos Africanos; principalmente dos mais jovens - num só dia 14 rapazes de Nhan• .. ,

sol fogem para o mato para a FRELIM;Odevido ao que aconteceu.

16 de Agosto de 1973:A FRELlMO em Massandza, ataca dois camiões do exército com soldados portugueses;

há três feridos da parte do exército português.

Uma mulher e moa criança que, por acaso, voltavam da moagem e fugiam ao ver os soldados, são mortas

a tiro. Os cadáveres são levados e enterrados no terreno do quartel de Inhaminga.

Além disso 6 homens, entre os quais () professor de escola da missão, Carlito Chapo são presos e levados

para um interrogatório.

28 de Agosto de 1973- João Tielem~ é chamado ao edifício da· DGS na Beira. Interrogatório acerca da

FRELIMO; acerca das suas actividades, de lavoura entre a população africana; acerca do encerramento da missão

de Lundo fim de Março de 1973; acerca da posse de documentos a respeito dos massacres em Wiriyamu. - Não

passa dum interrogatório.

Setembro-Novembro de 1973: Tudo fica tranquilo na região com excepção de alguns pequenos incidentes.

Chegam-nos cada vez mais notícias do mato acerca da formação de elementos para o movimento de libertação

e acerca da mentalização do povo pela FRELIMO. Os portugueses encontram oposição quanto ao levantamento dos

chamados aldeamentos,

12 d.e Dezembro de 1973:O pessoal africano, 18 pessoas no seu conjunto, da bomba de água da TZR (Trans

Zambezian Railways), junto do rio Mazamba, das. bombas de Nhamatope e de Muanza, transferido para Inhaminga

nos fins de Novembro, é transportado para. a Beira sem a mínima explicação. Nasce um grande medo entre o

outro pessoal da TZR. Ainda mais pessoal é· transportado para a Beira posteriormente.

31 de Dezembro de 1973:A FREL.lMO faz explodir as bombas acima referidas (cfr. 12-12-1973);um comboio

faz rebemtar uma carga explosiva perto rnnaeuca: um outro comboio é atacado. -:- Nasce um grande pânico entre

os brancos.

3 de Janeiro de 1974:A FRELIMO ataca a bomba de água da Administração de Inhamínga,

o exército prende várias pessoas dos arredores, como Rocha Nhampoca, Nham Vaz, José Cheka, etc., para

interrogatórios. São torturados pelos DGS. Entretallto a DGS estabeleceu-se definitivamente em Inhaminga. Os

seguintes agentes da DGS são-nos conhecidos por estes nomes:. Pepe, Afonso, Libertino, Carneiro.

S de Janeiro de 1974:O superior da missão, Pe. José Martens, é chamado pela DGS. Antes do interrogatório

consegue falar com o chefe de Massariàza que está preso. Este declara que está a sofrer horrivelmente. O Padre

José ouve também os gritos de terror de mulheres que estão. a ser torturadas nas traseiras da esquadra da polícia.

Quando o chefe da polícia, o sr. Gorgulho, se apercebe da presença do missionário, manda alguém com ordem

de interromper as torturas.

AS TORTURAS

.,

Os sofrimentos da população de Inhaminga começaram no final de Julho de 1973,como em pormenor se

descreve no relatório dos missionários.

o padre Martens recorda: eu vi o terror. de Inhaminga. Era varrer nas lojas, nas aldeias. Era a plde, eram

os soldados, eram os milfcias, eram Os sipaios. As duas prisões foram-se enchendo de suspeitos, mas a Pide não

conseguiu prender um ˙nico guerrilheiro porque o povo nunca 01 denuncia nem mesmo debaixo de tortura.

Não conseguindo pístas através dos adultos torturados, a. Pide prende crianças de sete e oito anos que tembém

são torturadas e fornecem indicações. Um dos métodos de tortura baseia-se em choques eléctricos aplicados

nos ouvidos e noutros pontos sensíveis com uma máquina inventada pelo caçador Faria, conhecido como informador

da Pide. Mas em muitos casos, reforça-se mesmo a resistência dos torturados, para quem a morte é semente

de libertação do povo inteiro. Um rapaz de 14 anos, liberto das torturas - dise-nos o padre como exemplo- chega

à aldeia e declara: «agora nunca mais tenho medo dos mzungos».

Por seu lado, a população branca estimulada pelas recentes manifestações da Beira, pressiona as autoridades

a tomar medidas cada vez mais drásticas: exigem a expulsão dos padres, blindagem dos comboios, helicópteros para

acompanharem as formações ferroviárias, limpeza da zona. O pessoal branco da TZR entra em greve, a população

é compelida a residir na vila sem poder sair para as plantações.

Fora dos limites da vila, fugidos no mato estão mais de 35 mil negros e tudo o que mexe é abatido (são

ordens oficiais). Mas também nos disse o padre Martens que toda a gente simpatiza com a Frelimo, que as aldeias

estão todas minadas pela sua mentalização, até ao Dando, a 30km da Beira. Impressionante aparelho militar e

de repressão poliQ~1 (mais de 1500homens), mas o que os negros mais temem é a população branca.

(Transcrito do «Diário de Lisboa», 12-5·74)

O ESP1RITO DOS MISSIONARIOS

Finalmente em 19 de Março, os missionários retiram, como já tinham feito sessenta padres da Beira, 11 de

Nampula, 30 de Tete, e antecipando-se a outras equipas missíonárias que se preparam para sair de Moçambique

Porquê? Porque são amigos dos negras e por isso suspeitos das autoridades, porque estas os isolam do povo, porque

não querem mais sujeitar-sé aos compromissos impostos por um sistema de missionação apoiado no colonialismo

do Acordo Missionário. Voltarão mo dia? O padre Martens não duvida, mas adianta que o missionário

já não volta a ser o que foi até agora, há toda uma reformulação a fazer do papel da igreja na sociedade nova

de Moçambique. cHá excepções, deixámos lá alguns amigos» - diz-nos o padre Martens,

Uma ˙ltima palavra de compreensão: Vai ser preciso muito tempo e muito esforço dos portugueses para

recuperar os soldados intervenientes nos massacres. É um trabalha que Portugal tem de começar imediatamente,

colhendo a lição de outras guerras coloniais.

13 de Janeiro de 1974: Na medida em que as actividades da FRELIMO vão aumentando são presos e interrogados

cada vez mais africanos. Deste modo os africanos encontram sempre maiores dificuldades.

O processo dos interrogatórios torna-se cada vez mais refinado pelo uso de um aparelho com o qual se dão

choques eléctricos às vítimas nos sítios mais sensíveis do corpo: ouvidos, cabaça, seíos, etc.; pelos espancamentos

com cintos, paus, matracas de borracha, até as pessoas cairem feridas e sem sentidos; por písaduras das mãos e

dos pés. Há presos tombados pelo espancamento e tam bém por pontapés em outras partes do corpo.

21 de Janeiro de 1974: Várias crianças - entre outras Tembo Lole, de oito anos e meio - são presas e ínterrogadas

por agentes da DGS a fim de chegarem a saber se os pais dão alimentação aos guerrilheiros e se os

guerrilheiros já estiveram em suas casas. ° método de extorquir afirmações que contenham acusação por meio de choques eléctricos é aplicado também

a estas crianças.

Um rapaz de cerca de 14 anos disse, depois de ter sofrido um tal tratamento: «Doravante já não tenho medo

dos brancos».

23 de Janeiro de 1974: A FRELIMO ataca o quartel de Inhamínga. O exército não consegue apanhar nenhum

dos atacantes.

Quando, de madrugada, às 5.30 horas, passam dois Africanos pelo quartel a caminho do trabalho, são mortos

a tiro, à queima-roupa. São eles: Creva, ajudante de pedreiro que trabalha por conta do fiscal da madeira da vila

e Catemo, pintor da TZR. .'

Os cadáveres dos dois Africanos abatidos ficam expostos durante muito tempo a fim de convencer a população

branca de que o exército se esforça e para servir de aviso aos Africanos. .

Gera-se um estado de pânico entre os brancos, que querem virar-se contra a missão e pretendem destruir

a bomba de água da missão; isto pôde ser evitado com o argumento de que muitas famílias de Inhaminga ficariam

então privadas de água potável. O Governador da Beira, imediatamente depois do ataque ao quartel de Inhaminga

pela FRELIMO, chegou à vila e o povo branco pede- lhe que tome medidas contra os míssíonãríos. A população

branca apresenta as seguintes acusações: a missão é um ponto de apoio para os guerrilheiros; estes

escondem- se lá; lá se encontram depósítos de armas e munições; um guerrilheiro ferido é lá tratado. Segue-se uma

busca à casa. Depois de, revistados minuciosamente todos os edifícios durante três horas, nada se encontra que

possa comprometer os missionários. Na casinha da vi˙va MBEMBA Chale, que se encontra no terreno da missão ,

acham-se peças da farda de seu filho Adolfo Rertco, que há pouco acabou a tropa. Levam-no e sujeitam-no a longos

interrogatórios. É posto em liberdade a 26 de Janeiro de 1974.

26 de Janeiro de 1974: O Pe. José Martens é chamado pelo Administrador de Inhaminga que o notifica dé

que os missionários já não podem sair da parte urbanizada da vila. Praticamente ísto significa prisão domiciliária.

28 de Janeiro de 1974: Nhamataka Miti, de 18 anos de idade, que esteve preso durante cinco dias por ter

sido encontrado a conversar com dois outros rapazes numa loja, foi posto em liberdade. Vem à 'missão para pedir

tratamento de um dedo cuja unha foi arrancada, e de outras feridas que lhe infligiram.

6 de Fevereiro de 1974: O Pe. José Martens teve na Beira, uma conversa com o Administrador Apostólico

da diocese, D. Francisco Nun& Teixeira" a quem relata novamente tudo o que se passa na missão de Inhaminga.

Depois o Padre díríge-se, juntamente com o VigáriO Geral da diocese, Padre José de Sousa, ao Governador do

distrito a fim de protestar contra os maus tratos infligidos à população africana pelos brancos e pela nas.

Tudo sem o mínímo resultado.

7 de Fevereiro de 1974: Uma patrulha do exército vê, junto das lojas de Cundue, fugir alguns homens que

são tidos por guerrilheiros. Ao persegui-los os soldados vêm um homem, guarda de um armazém de madeiras perto

da estação, sentado diante da. palhota, Zeca Thembo, juntamente com Q mulher Farença Thembo, sua cunhada Flora

Thembo, e os filhos Carlos, Rita, tcuta e Chana.

O homem apanha um tiro no braço, a mulher é morta, a cunhada foge com um tiro na perna.

Os soldados levam o homem ferido e a mulher morta para dentro da palhota que incendeiam. Quando o

homem tenta escapar através duma tábua arrancada é descoberto de novo pelos soldados e estes dísparam-lhe um

tiro no lado direito do peito e espancam-no até o deixarem meio morto. Não lhe dão o golpe de misericórdia

porque pensam que já está morto. Os soldados retiram- se, mas algumas pessoas dos arredores salvam o homem

,. I que é transportado para o hospital de Inhamínga.

9 de Fevereiro de 1974: O director da fábrica de cimento de Nova Maceira, engenheiro Góis, durante uma

1-

vísíta à pedreira de Muenza, vê lá os cadáveres de 12 africanos mortos por soldados brancos e que estão expostos

para meter medo aos nativos. O engenheiro Góis fica também a saber quê no mato, atrás da pedreira, um n˙mero

terrivelmente elevado de pessoas teria sido assassinado pelo exército e pela guarda civil (OPV). Fala-se em mais

de 3000 mortos. O engenheiro Góis faz ver ao senhor Jacinto, responsável português pela pedreira, que isto assim

não pode continuar.

10 de Fevereiro de 1974: O senhor Jacinto e a sua mulher são mortalmente alvejados pelos guerrilheiros

Dois militares, que vão atrás na mesma viatura, ficam feridos.

12 de Fevereiro de 1974: O chefe Souca, Chico Romão, é preso juntamente com alguns outros homens e ínterrogado,

com as costumadas torturas, porque se acha suspeito que até agora nada de especial tenha contecido na

sua aldeia.

Durante o interrogatório o chefe perde os sentidos. Exigem dele que mande o seu povo para os aldeamentos.

Luis Nhaouta, um africano que tinha wna progressiva lavoura também na região de Souca, é chamado e

interrogado. Exigem dele que abandone a sua casa e os seus campos no espaço de sete dias.

13 de Fevereiro de 1974: Três operários da serração do José Mendonça Teixeira são alvejados, a caminho de

casa, por soldados que estão dentro de um comboio. Um fica ferido na cabeça e um outro num braço.

14 de Fevereiro de 1974: Catarina Bramo, a mulher de Ren(JOCharençi, que reside junto do campo de aviação,

é violada por dois soldados quando se encontra sozinha em casa.

16 de Fevereiro de 1974: Dois camiões carregados de homens, mulheres e crianças de Matondo e Cherimadzi são

levados para o quartel de Inhaminga. Todos são interrogados: as mulheres podem regressar a casa, a pé, no dia

17 de Fevereiro; os homens têm de ficar.

17 de Fevereiro de 1974: Todas as casas e palhotas em Tutu são incendiadas pelo exército. As pessoas fogem,

sem poder salvar nada dos seus haveres.

18 de Fevereiro de 1974: Sabemos na Admínísteação que os chefes de Nhaminga, Shiquire, Nhansol, Muanandirnai,

Goinha, Nhatadza e de toda a zona da Goronga desapareceram. Supõe-se que fugiram para a FRELIMO com

toda a sua gente. Trata-se de mais de 12000 pessoas que se internaram no mato.

A DGS de Inhaminga quer desfazer-se de urna parte dos presos que se amontoaram na prisão do exército

e na da DGS durante as ˙ltimas semanas. Segundo uma estimativa, 35 africanos, entre os quais os presos do dia

16 de Fevereiro de Matondo e Cherírnadzí. são metidos num camião e transportados para um sítio no mato à

beira do caminho que passa por detrás do hospital de Inhaminga na direcção de Thombo la ~phale e Massanciza,

enquanto um buldozer procura um caminho na mesma direcção passando pelo campo de aviação. Naquele sitio é

aberta uma grande vala pelo buldozer e dentro dela são fuzilados e soterrados os homens. O transporte, a deslocação

do buldozer e o fuzilamento são executados pelos soldados do exército.

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20 de Fevereiro de 1971tDe novo são transportados uns 30 homens num camião na direcção de Massandza e

Thomo Ia Mphale, a fim de lá serem mortos também. Tudo se passa como da primeira vez. Entre eles se encontram

homens e rapazes oriundos de Inhaminga, Muanza, Massandza, Mbawa, Codze, Nhamabera, etc.

23 de Fevereiro de 1974: Outra vez sai um camião, transportando pelo menos 48 pessoas, para o mesmo sitio

no mato, atrás do ~Pital, entre os caminhos para Massandza e, Thombo Ia M~hale. Os presos são fuzilados. Uma

companhia de comando vem reforçar a força do exército" e põe as suas tendas junto da estação de caminho de

ferro de Inhaminga, 27km ao norte de Inhamínga, a partir donde começa as suas operações entre a populaçã.o

africana.

Deste modo a força total do exército cresce até aos 1500 homens, entre forças do exército normal (400

homens), paraquedistalS (240 homens), comandos (120 homens), guarda civil (80 homens) e as milícias (650 homens),

tudo isto pelo bem de 1100 brancos e controle de 45 000 africanos.

2 de Março de 1974: Através dum intermediário que trabalha na Administração conseguimos saber, com muita

dificuldade, os nomes de algumas pessoas que foram mortas nos fuzilamentos que continuam a repetir-se ainda

no mato.

Entre eles se encontram: o nosso professor de Dimba, Lwanga Manuel Chombe.. Mais: Luís Vontade e dois

filhos; José Chidanga, filho do régulo morto antes dele; Jone Sampaio; o régulo Santove; Manuel Penga; Jorge

Maio; Chale Nkalamu; Nicolau Alfândega; José Candeado; Sande Nensa. Além destes os homens que antes disso

tinham sído transportados do Dondo e de Mafambisse para Inhaminga.

7de Março de 1974: De manhã cedo, o povo branco dirige-se ao quartel dos paraquedistas para vir admirar

cinco guerrilheiros mortos e dois presos e as suas armas numa euforia vitoriosa.

As 11.30 horas os civis oferecem um almoço aos vencedores e às suas autoridades.

O régulo Pangacha é tirado da prisão da DGS para identificar os mortos e os vivos. Não quer dizer os nomes

apesar de ter aos pés, entre os mortos, dois dos seus filhos, Domingos Moisés Pangacha e Marcos Moisés Pangacha.

Também a sua filha já casada, Bastiana Moisés Pangacha, que levava todos os dias alimento a seu pai, foi

trazida de casa para identificar os corpos. Ignorando que o pai se recusara a fazê-lo, ela, reconhece os seus dois

irmãos, dá os seus nomes a conhecer.

A seguir também ela é presa e posteriormente fuzilada Juntamente CGD" seu pai, os dois guerrilheiros sobreviventes

e mais alguns outros presos. O régulo Pangacha, embora ferido mas an.da vivo, é soterrado na vala comum.

7-10 de Março de 1974: Operações militares são executadas na região onde estão situadas as aldeias do régulo

Pangacha, isto é, Nhamatope, Massandza, Ntolo, Nhamabere, Nhaduwe, Mphepo. Forças da terra e do ar, com helio

cópteros e bombardeiros, tomaram parte da operação.

É assaltado, mas com pouco êxito, um acampamen to de guerrilheiros; são incendiadas, sim, muitas palhotas.

Grande parte do povo consegue fugir para o mato, outros são assassinados. Poucos são levados prísioneíeos para

Inhamínga.

Nos bombardeamentos usa-se napalm.

15 de Març~ de 1974: Mais uma vez, sai um camião cheio de presos para o lugar já conhecido, para lá serem I n

assassinados da mesma maneira. c

19 de Março de 1974: Mandámos vir da Beira avionetas para pôr em segurança as irmãs e alguns Africanos

da missão.

Nós pr6prios partimos na ˙ltima avioneta.

Antes de partirmos aparecem na missão o chefe da policia, o sr. Gorgulho; o comandante dos milícias, o sr.

Teixeira; dois informadores da DGS, os srs. Maria e Costa Silva; e um pequeno grupo de cipaios e milícias, que

provavelmente nos querem «proteger».

Enquanto esperamos pela avioneta passam ainda três camiões cheios de homens e rapazes, a caminho da

. prisão da DGS, distanciada uns 700 metros da pista.

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Fim de Mwrço-Abril de 1974: Durante a nossa estadia na missão do Dondo, aguardando a partida para a

Holanda, ainda ouvimos que:

- Foram assassinadas as seguintes pessoas de Inhaminga: os dois irmãos irmãos Jorge e Quéu António Sapateiro;

os dois irmãos Manuel e Lourenço Espanhol; Francisco Salis; Albino, o fiscal dos 'contadores da água

da Administração e. Vontade, trabalhador dos caminhos de ferro.

- No princípio da Semana Santa.wn grupo de paraquedistas perseguiu o povo que tinha fugido de Muanza

em direcção à serração de Chínapamímba e de Shinadzi wa. Foram assassinados todos os homens e rapazes; as

mulheres e crianças foram levadas· para MuaIlZa.. O Comandante zangou-se COPl os soldados, pois achava que

também aquelas deviam ter sido mortas. As mulheres e' crianças foram levadas para o Dondo.

- O Vigário Geral da diocese da Beira, Padre José de Sousa, verifica, durante a sua visita a Inhaminga em

19 a 22 de Abril, que nada tinha mudado na horrorosa situação: continuava-se a matar e a prender.

A população que fugiu é avaliada em 35000 pessoas: gente, portanto, que procura de todas as maneiras uma

saída.

- No mês de Abril uma das altas patentes militares de Nampula visita os t˙mulos já mencionados: verifica

que, sob a influência das Chuvas, a terra que cobria os corpos tinha começado a subir.

- Muitos rriilitares exprimiram o seu horror perante as repugnantes condições dos camiões que voltam das

execuções, sujos de urina e fezes. Conscientes do que vai acontecer,' os presos, na sua agonia, perdem todo o controle

sobre as funções físicas.

«NAO PODEMOS FALAR AQUI»

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Em 16 de Março de 1974, o superior da missão, Pe. José Martens, regressa duma visita às outras missões,

de avião. Em Inhaminga discute a situaçlo com o Pe. António Verdaasdonk e os írmãos André van Kampen e

João Tielemans.

A tarde, entra em contacto com as irmãs africanas, naturais da Rodésia, que também trabalham na missão

de Inhaminga, jiara lhes pedir opinião. A seguir há uma reunião dos missionários e missionárias, na qual se chega

à decisão de que todos se retirarão de Inhaminga.

As razões são as seguintes:

- O Áfricano que sofre e morre já não tem voz para falar: por isso as injustiças que se lhe infligem devem

ser publicamente denunciadas por nós.

- A Igreja oficial nada faz e envolve-se l1() silêncio, com excepção do bispo de Nampula, D. Manuel Vieira

Pinto; por isso a Igreja tornou-se c˙mplice do tratamento desumano do Africano aqui e noutros lugares.

- Nós, os míssionários, não podemos falar aqui por falta de apoio da:s autoridades eclesiásticas, de maneira

que não há outra coisa a fazer senão levantar a voz fora das fronteiras de Moçambique.

. -Pela muito pouca liberdade de movirm-n to e por outras limitações que nos foram impostas, pelo medo dos

africanos de entrar em contacto connosco tornando-se assim suspeitos, a nossa presença aqui em Moçambique per.

deu todo o seu sentido.

- Os africanos sabem agora que já não podemos dar- lhes protecção. Por isso também já não a procuram

junto de nós e não querem causar-nos ainda mais dificuldades.

- Também já não podemos fazer nenhum bem à população europeia, o que se manifestou claramente na sua

hostilidade para connosco.

- Afinal abusa-se da nossa presença como Igreja e como sacerdotes, de uma maneira descarada, apenas para

manifestações militaristas e patrióticas, cujo aparato religioso serve para encobrir actividades e acontecimentos

criminosos.

Decide-se a partida de Inhaminga,

Isto é comunicado ao Administrador Apostólico da diocese, D.. Francisco Nunes Teixeira, e ao VigáJrio Geral,

Padre José António de Sousa que, conforme um convite feito já anteriormente, vieram a lnhaminga por causa da

situação precário.

Assinam:

José (A.P.J.) Martens

António (A.) Verdaasdonk

João Mateus (J.M.) van Rijen

André (W.J.) van Kampen

João (J.H.M.) Tielemans

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OBJECTIVOS DA LUTA DA "FRELIMO"

<<A nossa luta é justa. Ela é parte da luta universal-dos povos contra a exploração

do homem pelo homem. A nossa luta é contra ° colonialismo português, contra o racismo,

contra o imperialismo, contra o tribalismo e contra todas as formas de discriminação.

Lutamos para vencer os nossos inimigos, para nossa libertação total, para libertação

total de África e de todos os povos escravizados do mundo inteiro. Lutamos com

a coragem tradicional e histórica que desde sempre caracterizou o nosso povo, o povo

de Moçambique.»

Emissão da eeVozda Frelimo»

recentemente escutada em Lourenço Marques

De uma entrevista com Jorge Rebelo

- dirigente da FRELIMO

CONTRA UMA BURGUESIA NACIONAL

«Quanto aos conhecimentos ministrados

nas nossas escolas, eles são para

servir todo o povo: nós não queremos

criar uma elite que amanhã possa ser

algo como a burguesia nacional de Moçambique.

»

«Ao longo dos anos de luta, e

olhando para trás, os traidores foram os

que tinham vindo à revolução com a

ambição de se tomarem' amanhã os

substitutos dos colonialistas portugueses.

Foi por isto que a luta os rejeitou

e eles se viram obrigados a voltar

para o lado que lhes pertence,»

Extracto de um comunicado da FRELIMO

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