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OPERAÇÃO DUNDUN - GUINÉ


O ELEFANTE DUNDUM Onde é que a guerra era mais forte? Na Guiné a guerra era muito forte, eu não estive lá, estive na Índia, em Moçambique e Angola duas vezes. Mas ele (o Major) esteve lá e viu que o serviço de saúde era absolutamente extraordinário. Nos conseguíamos evacuar o pessoal e tratar daquilo tudo. Mendes Paulo escreveu um livro (Elefante DunDum) em que falava exactamente disso, nós demos uma lição ao mundo da maneira como funcionámos nas ex-províncias ultramarinas. O nosso soldado com o seu espírito de coragem, abnegação, sacrifício e humildade extraordinária. Eles nada pedem, nada querem, a não ser que o país reconheça o seu esforço extraordinário, sobre-humano, que eles desenvolveram enquanto estiveram em campanha. Mas aqueles territórios não eram nossos. Ainda defende a antiga Constituição? Alguns daqui estiveram em Angola, outros na Guiné e na Índia. Já não temos o Império que tínhamos, mas não é por culpa deles, que tudo fizeram para manter as fronteiras do país. Na altura não tínhamos outra hipótese que defender a Constituição em vigor. Para quem leu a Constituição Portuguesa de 1933, diz lá no 1º artigo qual era a dimensão do nosso território – Portugal é constituído pelos seguintes territórios, Açores, Angola, Moçambique, etc. – e depois diz a mesma Constituição no artigo 134 ou 135, que eram as províncias ultramarinas solidárias com a metrópole. Eu li há tempos uma frase de uma figura mítica do cinema americano, depois daqueles filmes diabólicos do Rambo: “Só quero uma coisa, que o meu país goste tanto de nós como nós gostamos dele.”. Afinal, quem foi Mendes Paulo? Ainda bem que fez essa pergunta: O Major Mendes Paulo e eu conhecemo-nos desde que eu entrei para a Escola do Exército, ele era um ano mais antigo, depois cada um foi para seu lado. Encontrámo-nos na Índia, depois fomos para Moçambique, era a segunda vez que nos encontrava-mos. Acredita em todas as histórias dos Pós-traumáticos? De facto são situações que eu devo dizer que, francamente, algumas delas eu não acredito, e digo-lhe porquê. Num batalhão onde eu pertencia alguns militares fizeram-se de malucos, então andavam a passear nus no meio da parada, sentavam-se no chão a remar, queriam ir para Lisboa. O que é que havia a fazer, mandá-los para o Hospital de Luanda. É evidente que isto não se passa assim. Ao fim destes anos aparecem alguns pós-traumáticos. Tenho um furriel que foi para os comandos e quando voltou já vinha meio patareco, transtornado. A cabeça dele já não funcionava como quando se ofereceu para os comandos. Aí no seu regresso à companhia dei-lhe umas acções mais simples. Passados estes anos todos (1963), ainda hoje o processo dele está a correr, a mulher já se separou dele porque não está para o aturar, ele não tem dinheiro, não articula as frases direito. Isto é para chegar aonde? É que muitos dos nossos organismos são muito responsáveis por esses pós-traumáticos. Porque além de demorarem muito tempo a resolver os problemas não se interessam o suficiente para saber onde é que eles tiveram, o que é que fizeram e o que é que sofreram.

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